Faleceu aos 83 anos, o desenhista Sergio Graciano que trabalhou por 50 anos na Mauricio de Sousa Produções. Graciano veio de Cambuquira, em Minas Gerais, para São Paulo e foi na capital paulista que, em 1960, como ajudante de pedreiro, viu sua vida mudar. Construía casas, levantava muros, colocava janelas e portas, e foi assim que a vida lhe abriu uma chance de trabalhar com o criador da Turma da Mônica, Mauricio de Sousa, em 1966. Ele agarrou a oportunidade e passou a construir sonhos e fantasias, no mundo recém-criado por Mauricio.
Em estúdio pequeno, com poucas pessoas, ajudava em tudo que fosse preciso na produção das tiras que saíam nos jornais. Depois de muito treino e teimosia, tomou gosto pela arte-final. Como arte-finalista, viu o estúdio pequeno virar um gigante. Colaborou com um sem número de histórias e deixou sua contribuição e sua marca pessoal na Turma da Mônica.E quando se fala em marca pessoal não é exagero. Sua digital, como um carimbo, virou cabelo do Cascão para facilitar a produção do desenho que era feito com caneta. Graciano diz brincando que foi a primeira arte “digital” do estúdio.
Mauricio gostou da inovação e aprovou a ideia. Cascão nunca mais foi o mesmo. Graciano inventou a técnica por acaso e é usada até hoje. “Em 1966 eu era pedreiro e fiz um trabalho na casa da secretária do Sr. Carlos Caldeira Filho, um dos donos da Folha de São Paulo. Ela soube que eu desenhava e me informou que o Mauricio de Sousa estava montando uma equipe para seu estúdio. Então fiquei fazendo testes no estúdio por dois meses e fui contratado.
Hoje fico honrado de trabalhar nesses anos todos e ver o crescimento da empresa baseada em muito trabalho e amor pelos quadrinhos”, comenta Graciano. “O Graciano chegou para trabalhar comigo justamente quando eu estava dando um salto em minha produção para poder iniciar meu negócio de quadrinhos. Foram tempos difíceis para esse desafio. Ele caiu como uma luva no estúdio, pois sempre foi generoso com meus personagens. Assim é até hoje. Um companheiro de trabalho que continua jovem. Como eu!”, recorda Mauricio de Sousa. Em um post no Facebook, Monica Sousa
e outros profissionais que trabalharam com ele, manisfestaram a dor e os pêsames aos familiares, pela morte do artista. - Clayton Godinho
e outros profissionais que trabalharam com ele, manisfestaram a dor e os pêsames aos familiares, pela morte do artista. - Clayton Godinho
Sergio Tibúrcio Graciano
(27 de julho de 2012) 76 anos – trabalha na MSP desde 1966
(27 de julho de 2012) 76 anos – trabalha na MSP desde 1966
O que você faz na MSP?
Meu trabalho é a arte-final. Eu recebo o desenho à lápis e passo o traço à tinta Nanquim.
O cabelo do Cascão é feito com a sua digital. Como isso começou?
Essa ideia aconteceu em 1967 ou 68. A ideia surgiu por um acaso. Eu peguei uma pena (caneta com nanquim) e, em um dado momento, pingou tinta em cima do desenho. Para tirar o excesso, eu passei o dedo na folha e vi que ficou essa impressão digital. Na hora, surgiu a ideia... Pensei: “acho que o cabelo do Cascão poderia ser assim!”. Resolvi fazer um desenho dele e repliquei o “acidente”. Mostrei para o Mauricio e ele disse: “Puxa vida! Era isso mesmo que eu estava procurando!”. Até hoje o cabelo é feito assim. Hoje em dia não é mais só a minha digital... Os rapazes que entraram foram aprendendo e utilizando a técnica também – que eu considero a primeira tecnologia realmente digital usada nos quadrinhos!
Como você é conhecido na MSP?
Uma parte do pessoal aqui me chama de “véio”, apelido que ganhei do Mauricio. No início, tínhamos muito contato com ele. As instalações eram bem menores e a participação dele nos quadrinhos era bem ativa. Eu, detalhista, vivia perturbando-o. Então ele me disse: “Você parece velho, só vive resmungando! Véio!”. Repetiu tanto que o nome pegou! Como estou há 46 anos na MSP, o apelido ficou mesmo entre o pessoal mais antigo. A nova safra de artistas tem o costume de me chamar de “seu” Graciano, agora.
Como foi, para você, participar do MSP Ouro da Casa?
Há um tempo, o Mauricio já tinha prometido fazer um livro com a gente. Como eu nunca tinha participado de algo assim, fiquei pensando por um bom tempo... “O que será que eu vou fazer?”. Para ajudar, o roteirista Flavio Teixeira de Jesus sabia da minha ligação com o Cascão e me deu várias ideias. Depois disso foi fácil! Adorei participar!
Qual o seu personagem favorito?
Gosto do Cascão porque acho que todo moleque tem um pouco dele ...Toda menina também. Olha a situação: Quando você estava brincando, pulando amarelinha, correndo pra cá e pra lá, a brincadeira estava ótima! Aí, sua mãe chegava: “Filho, está na hora de tomar banho!”. E você: “Espera um pouquinho, mãe!”. O Cascão é um garoto assim. Está sempre brincando, jogando bola, só que a mãe dele chama-o para casa e ele não quer ir. Por isso começou essa história de ele não tomar banho. O Cascão não é uma criança suja. Ele é uma criança sadia, bonita e gosta de brincar, mas não quer interromper sua diversão!
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