Compartilho uma história em que o Papa-capim e Cafuné ficam desesperados por terem sumido com a Lua quando ela estava tomando banho no rio. Com 8 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 125' (Ed. Globo, 1991).
Nela, Papa-Capim e Cafuné estão admirando a noite linda na selva, quando Cafuné olha para o rio e avisa o Papa-Capim que a "Jaci" está tomando banho. Papa-Capim dá bronca que é feio ficar olhando os outros tomaram banho e Cafuné diz que não é Jaci índia, e, sim, a Jaci Lua, mostrando o reflexo da Lua no rio.
Papa-Capim acha melhor eles irem embora para deixar a Jaci sossegada e Cafuné tem a ideia de pegá-la para levar até a taba deles para conhecer o pessoal e deixar o Pajé feliz. Papa-Capim não acha bom, seria uma ofensa para uma deusa como a Jaci e Cafuné responde que não é ofensa, eles vivem a homenageando e que já era a hora da Jaci conhecê-los e agora que está tão pertinho, aposta que ele vai virar herói da tribo.
Cafuné mergulha no rio e para sua surpresa o reflexo da Lua se desmonta em mil pedacinhos e eles pensam que Cafuné quebrou a Lua. Ele tenta consertar, pegar os pedaços um a um, mas acaba sumindo de vez, achando que ela afundou no rio. Eles ficam desesperados, Papa-Capim comenta que ele não devia ter se metido com a Jaci e agora não sabem quais os castigos cairão contra eles e o pior será a surra que vão levar das mães. Cafuné diz que ninguém precisa saber, é só não contar para o povo da tribo, boca-de-siri.
Eles chegam na tribo e encontra uma reunião entre o Cacique e outros índios. Cacique os chamam de pequenos aventureiros noturnos, pede para se juntarem a eles e perguntam se caçaram alguma coisa. Eles falam que nada, bem assustados. Cacique oferece um caldo quente e comenta que estavam contemplando a Jaci e de repente ela sumiu. Na hora, Papa-Capim e Cafuné se engasgam com o caldo.
O Cacique percebe que estão assustados e conta para eles uma história da indiazinha que se chama Jaci, como a deusa Lua, pois vivia no mundo da Lua, e que o Pajé da tribo dela disse que ela viverá enquanto a Lua brilhar. Aí a indiazinha diz que viverá para sempre, pois enquanto o mundo for mundo a Lua sempre existirá, nada poderá destrui-la. Papa-Capim e Cafuné ficam mais assustados ainda, achando a história uma tortura e antes do Cacique acabar, eles gritam e confessam que o Cafuné quebrou a Lua, ao mergulhar quando estava tomando e a fez quebrar em mil pedacinhos.
Cacique pergunta se tem certeza que Jaci estava no rio e mostra uma tigela com água e um reflexo do Cafuné ao olhar a tigela. Cafuné acha que não porque a Lua não estava no céu. Nessa hora, as nuvens se afastam e ela aparece. Eles comemoram ao saber que era a nuvem que estava cobrindo e coincidiu quando o Cafuné mergulhou no rio. Cacique diz que não é qualquer coisa que vai destruir a Lua e jamais descerá á Terra. Continuará redonda e brilhante, mas acha estranho estar um pouco rosada. No final, depois de se afastarem, a Lua no céu comenta que tem que estar rosada, pois não pode tomar banho sossegada, que já vem algum assanhado espiar.
Muito boa essa história. Papa-Capim e o Cafuné pensaram que a Lua estava tomando banho no rio e que tinham acabado com ela só por conta de ter despedaçado o reflexo dela no rio. Como eles não sabiam que era apenas um reflexo da projeção da Lua no alto até o rio, acharam que tivessem cometido um crime.
Engraçado ver achando que receberiam castigo dos céus e levar surra das mães e o Cacique falando da Lua o tempo todo dando mais medo neles, fazendo a consciência pesada falar mais alto e acabarem confessando, só aliviando quando descobriram que ela estava coberta pelas nuvens. Legal também ver os costumes e culturas dos nossos índios, assim vendo eles chamarem a Lua de Jaci e considerar como uma deusa, isso era bacana nas histórias do Papa-Capim.
Na época os roteiristas gostavam de colocar um final dando razão à imaginação e inocência nas crianças em histórias desse tipo. No caso, apesar de terem explicado sobre o reflexo para eles, acabou que no final a Lua estava mesmo tomando banho no rio e ficou rosa por estar com vergonha de terem visto ela lá tomando banho. Eu gostava de finais assim, mesmo sendo absurdo, ajudava a manter a fantasia das crianças.
Os traços ficaram lindos, muito bem desenhados. Em alguma republicação, com certeza mudariam a parte que o `Papa-Capim fala que as mães deles dariam surra neles, já que atualmente os pais não podem bater nos filhos. No geral, a história foi até grande para os padrões da fase dos gibis quinzenais, já que histórias do Papa-Capim e secundários em gibis de 36 páginas costumavam ser em média até 4 páginas.
Créditos ;) Marcos Alves: http://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2019/09/papa-capim-hq-banho-da-lua.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário