Postagem: (09/08/2020) A imagem acima, com o "Riquinho" tendo em mãos o OMNIBUS do "Conan" (o gibi mais caro já publicado no Brasil - R$ 250 - e que já se encontra em pré-venda) foi uma sacada genial do VAM (da "Batdeira") e representa perfeitamente o público-alvo e a situação atual do mercado nacional (em plena crise e mais segmentado e elitista do que nunca)!
Nesta matéria, resolvi seguir os passos de um blog que eu gostava muito (e que hoje parece estar inativo): O "Micro-Investidor Nerd"... No qual o autor fazia uns cálculos orçamentários das próprias contas e despesas e usava como base pra analisar o mercado atual de HQs. Também vou comentar sobre alguns dos OUTROS gibis mais caros já lançados no Brasil (só vai ter TIJOLO nesta postagem, rs) e sobre a visão EMPRESARIAL das editoras sobre os leitores e o mercado!
Confira abaixo:
O mundo atravessa uma crise de nível global diante de uma pandemia que se alastra de forma destrutiva pra economia: Quebrando empresas, o comércio, e deixando milhões de desempregados. Em um cenário caótico que nem esse, era de se esperar que pelo menos as empresas ligadas ao lazer e entretenimento buscassem soluções mais compatíveis com a situação de instabilidade financeira que atinge todas as esferas da camada social. Mas NÃO é isso que estamos vendo as editoras nacionais (especialmente a Panini) fazerem. O que o leitor de quadrinhos observa (de forma atônita) é justamente o caminho lógico INVERSO à uma crise econômica de grandes proporções: Lançamentos de encadernados cada vez mais CAROS e luxuosos, reajustes abusivos de preços, e segmentação de público-alvo (cada vez fica mais claro que as editoras focam e buscam APENAS o leitor de maior renda). A notícia do lançamento de um OMNIBUS do "Conan" custando R$ 250 (no atual momento) é prova cabal dessa postura mais elitista sendo adotada pela Panini!
Mas adotar essa postura é certo ou errado? Bem, depende do ponto de vista e de vários outros fatores... Pro leitor (eu incluso) é moralmente errado e anti-ético uma editora agir de forma tão insensível com a situação geral (sabendo que muitos não terão acesso à esse material devido ao preço elevado - mesmo considerando que trata-se de uma edição com quase 800 pág). À longo prazo, a editora perderá uma boa fatia de consumidores, que já terão abandonado o barco do colecionismo e partido de vez pras HQs digitais, vídeo-games, plataformas streaming, ou demais formas de lazer que forem mais baratas do que um gibi de 250 reais. Lembrando, é claro, que em tempos de CRISE, os gibis são os primeiros itens a serem cortados dos "kits de sobrevivência" do cidadão comum. O correto (a meu ver) seria a editora buscar soluções mais "amenas" que ajudassem a manter e FIDELIZAR o leitor que ainda se presta a colecionar gibis. Uma forma de se fazer isso, seria, por exemplo, ter lançado esse "Conan" em capa-cartão (no formato testado de "A Queda do Morcego" ou "Hellboy Omnibus") custando na faixa dos 100 e poucos reais (melhor do que 250)!
Já pra editora (na visão dela)... O negócio agora é ter "fluxo de caixa", E pra isso, a Panini mirou no público-alvo dos sonhos: O leitor de alta renda, que representa uma pequena fatia do mercado (bem menos de 10% do público-médio que coleciona quadrinhos) mas é uma fatia que compra e NÃO reclama. É o cara que paga 100 reais de ingresso por DIA pra ir na CCXP e sai de lá com sacolões de gibis. É o cara que paga mais de MIL reais num boneco. É o Nerd Ostentação que gosta de expor sua coleção no youtube e mostrar a estante cheia de LOMBADAS bonitas (e ainda no plástico original, rs). Esse é o leitor que a Panini almeja, não é mais o classe média padrão que teve a linha "CHM" cancelada e que vive reclamando dos preços E dos erros de revisão no face. Afinal, a EMPRESA Panini não é uma entidade filantrópica e visa apenas o LUCRO. Ressalte-se que apenas 1 encadernado de luxo (capa-dura) garante uma margem de lucro maior do que vários capa-cartão de 25 pila! Dito isso, As afirmações de leitores falando em "BOICOTE", soam fora da curva: já que eles NÃO são o público-alvo e sequer fazem parte do cálculo da tiragem pra essa edição (nesse caso, o "boicote" acontece naturalmente, já que será um gibi para poucos)!
Para melhor ilustrar esta matéria, selecionei algumas das HQs mais caras lançadas recentemente no nosso mercado, e que comprovam não ser de hoje esses excessos de luxo e preços altos (reuni aqui somente gibis E livros que foram bem além da marca dos 100 e tantos reais - beirando os 200 ou quase isso): "Vingadores Vs. X-Men" (R$ 200), "DC Deluxe - O Dia Mais Claro" (R$ 193), "A Liga Extraordinária 1898" (Devir - R$ 199,90), "Universo X" (R$ 178), "Conan - O Libertador" (R$ 179,90), "Alan Moore - O Mago das Histórias" (LIVRO biográfico da Mythos: R$ 150), "Batman - Terra de Ninguém" (Eaglemoss: R$ 140), e "O Tico-Tico: Centenário da 1º Revista em Quadrinhos do Brasil" (Ópera Graphica: R$ 150). Pra PIORAR... A Panini relança este mês o "Batman: Cav. das Trevas - Ed. Definitiva" (CAPA METALIZADA: R$ 196). Ou seja, vem aí uma nova onda de relançamentos com preços abusivos e fora da realidade do leitor médio! Mas afinal, qual a realidade de um leitor médio hoje em dia? Eu costumo dizer que a PERCEPÇÃO econômica de cada leitor varia conforme não a sua renda, mas sim: O quanto ele dispõe de seu orçamento pra gastar com lazer e GIBIS!
Por exemplo, eu sou sócio de uma academia e nunca sei exatamente quanto vou ganhar ou quanto vai sobrar pra gastar no mês, pois uma academia oscila muito o faturamento dependendo da época (no verão pode bater os 6 dígitos, mas no resto do ano fica bem abaixo disso e ainda tem as DESPESAS que o negócio gera, a começar pela caríssima manutenção de equipamentos, folha de funcionários, conta de luz beirando os 10K, publicidade, aluguel, etc). Do que sobra, ainda tenho as despesas da casa (família pra sustentar, dívidas intermináveis em bancos, empréstimos, cartão de crédito estourando o limite, prestação do carro, gasolina, condomínio, entre outras). Assim, por mais que eu ganhe, as dívidas e contas vão corroendo o montante até não restar muito pra gastar com gibis e bonequinhos, rs. Quando eu falei em "PERCEPÇÃO" (acima) eu estava me referindo ao cara que ganha de 15 a 20 MIL mas que tem trocentas contas pra pagar e não sobra muito pro lazer. E o cara que ganha 2 MIL e não tem família e nem filhos pra sustentar e nem dívidas bancárias extorsivas, sobrando, assim, MAIS pra gastar com gibis do que o cara que ganha 10 vezes esse valor. AMBOS são colecionadores, só que a renda individual acaba sendo relativa pra eles!
Pra encerrar... Eu queria dizer que andei mudando um pouco meus vícios ultimamente, rs. As editoras nacionais tão conseguindo me afastar aos poucos e me fazer perder o interesse em continuar com os gibis. Ainda tô no jogo, mas estou prestes a encerrar várias coleções (e EVITAR me meter em novas). Porém, tenho me entusiasmado cada vez mais com o universo do "FALCON" (o boneco dos anos 70 que voltou a ser produzido) e estou imerso no SUBMUNDO (literalmente, hehe) de fabricações customizadas de armas, roupas e equipamentos pro "Falcon". É um mercado BEM diferente do de quadrinhos, pois ali sim o cara vai aprender o que são realmente valores abusivos e extorsivos. Pra vocês terem uma ideia, postei abaixo um print de um "Falcon Alpinista" (de 1979) à venda no e-bay por APENAS R$ 12.994,98 (Eita nóis, kkk). Claro, que eu jamais pagaria um valor desses por um boneco, até porque, customizo um idêntico à esse gastando 300 no máximo (o que também é um valor alto - MAIS do que um "Conan" - e barato em termos de "Falcon"). Resumindo: Entramos em um novo estágio do mercado nacional e: Ou o cara abraça a bronca, ou é melhor pular fora e arrumar outro hobby mesmo (que nem eu fiz)! Até+
Créditos:) Leo Radd: http://submundo-hq.blogspot.com/2020/08/riquinho-o-retrato-do-colecionador.html
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