domingo, 2 de maio de 2021

Arquivos Turma da Mônica N°941 - Cascão: HQ "Influências Opostas"

Em abril de 1991, há exatos 30 anos, era lançada a história "Influências Opostas" em que o Cascão tem contato com o vizinho Renato, um menino com paranoia de limpeza, o oposto do Cascão. Com 11 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 111' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Cascão Nº 111' (Ed. Globo, 1991)

Nela, é apresentado o Renato, um menino asseado demais que chora até quando suja as mãos ao comer um bolo de chocolate. Mostra também Renato desesperado por ter sujado camisa com tinta enquanto estava pintando, querendo trocar imediatamente, não pega o cãozinho que ganhou dos pais para não se sujar de pelos e fica com nojo quando uma amiguinha toma suco com o canudo que ele estava tomando e manda a mãe levar outro canudo, custando a amiga dar soco nele e perder amizade.

Os pais ficam preocupados que Renato não sai de casa para brincar só para não se sujar e resolvem se mudar para um lugar com mais espaço e ar puro para o filho não ter uma vida fechado em um apartamento e, então, a família se muda para o bairro do Limoeiro perto da casa do Cascão, que não é nada asseado.

Dona Lurdinha dá bronca no Cascão por estar comendo bolinho de mãos sujas e ele diz para mãe que não dá para tirar as mãos para comer. Dona Lurdinha diz que bastava só lavar e Cascão diz que é mais fácil tirar as mãos do que lavar, irritando a mãe. Ela avisa que chegou um novo garoto no bairro, que é muito asseado, e queria que o filho fizesse amizade com ele. Cascão diz que vai assim que comer o bolinho que caiu do chão.

Renato se incomoda com o entra-e-sai da mudança da casa nova e queria ver tevê sossegado. Quando Cascão se aproxima, Renato pensa que se mudaram perto de um depósito de lixo e quando vê que o cheiro vem do Cascão, sobe desesperado em uma árvore para se afastar dele. Cascão pensa que ele é tímido e Renato pergunta o que aconteceu com o Cascão para ficar tão sujo daquele jeito. Cascão diz que se esforça para ficar daquele jeito, Renato acha um horror e só desce da árvore porque Cascão prometeu não tocar nele.

Renato pergunta se Cascão nunca tomou banho e como consegue viver sem banho. Cascão diz que não suporta água e pergunta como ele consegue tomar um banho por dia. Renato diz que toma 3 por dia e morando lá agora, vai passar a tomar 6. Cascão pergunta o nome dele e convida para jogar futebol. Renato recusa por várias razões, como sujar sapato, roupa, mãos e junto com Cascão vai se sujar mais ainda.

Cascão o acha um menino bobão, se tem medo de se sujar nunca vai se divertir, nunca vai sentir emoção de correr, pular, sentir vento no rosto, suor depois de um jogo de bola, etc. Vai ficar parado o resto da vida para não se sujar e com um espanador para não juntar poeira. Ele é sujinho, mas curte a vida e tem muitos amigos que tomam banho e não tem nojo dele e vai convidá-los.

Renato vê os meninos felizes  jogando bola, corre e se convida para jogar futebol com eles. Renato até joga bem, dá dribles bons e  até faz gol de bicicleta. Depois, Cascão e Cebolinha brincam de "siga o chefe", de alpinistas, de selva, pulando em árvores e galhos, de balanço com pneu velho e, por fim, tomam um guaraná, todos tomando no mesmo copo. 

Os pais do Renato veem e adoram vê-lo brincando como uma criança normal. Renato chega em casa exausto e vai tomar banho e a mãe pergunta se o banho não é mais gostoso depois de uma tarde de brincadeiras. Renato diz que foi graças ao Cascão, falando à mãe que é um menino que nunca tomou banho. A mãe fala que ele não sabe o que está perdendo  e dá ideia a Renato ir à casa do Cascão convencê-lo a tomar banho.

Renato se espanta que Cascão não se lavou nem depois das brincadeiras e fala que a água é boa e não conhece a sensação refrescante de tomar um banho.  Como Cascão lhe ensinou a não ter medo de se sujar, ele está querendo retribuir o favor e resolve dar um empurrão no Cascão para cair na banheira. Quando Renato empurra, há um mistério do narrador falando se finalmente Cascão tomou banho e no final, vimos que Cascão se abaixou e Renato quem caiu na banheira e Cascão fala que ao contrário do Renato, ele não está preparado para mudar, ainda.

Uma história muito legal com o Cascão lidando com um garoto que era oposto a ele, que tinha aversão à sujeira  e tinha medo de se sujar. Renato só mudou de ideia depois do discurso do Cascão que com aquele medo não ia curtir a vida. Ele só não conseguiu tirar o medo de água do Cascão no final, por ele já ter uma cabeça bem resolvida. Cascão tem em mente que um dia vai tomar banho, mas não estava preparado naquele momento, diferente do Renato que ele ouviu as palavras certas no dia que ele estava preparado para mudar de comportamento.

A história também serve de recado a mães que deixam os filhos em apartamento, não deixam sair para brincar na rua com  medo de se sujarem, se machucarem e, assim, eles não curtem a infância. Na história até que a ideia partiu da própria criança, os pais eram contra vê-lo só dentro do apartamento e se mudaram para o bairro do Limoeiro para ver se o filho se enturmava com outras crianças, mas na vida real são os pais que têm essa ideia na maioria das vezes.

Foi divertido ver o Cascão defendendo o seu jeito de ser sujinho, sendo vem abusado, respondendo à mãe que não dava para tirar as mãos para comer bolinho e mais fácil isso do que ele lavar as mãos e respondendo ao Renato com pergunta semelhante de como Renato consegue viver tomando banho todos os dias. Esse era o verdadeiro Cascão, hoje em dia mudou muito e lava as mãos tranquilamente sem medo e faz apologia á limpeza. Também tem cena considerada uma das mais incorretas de todos os tempos de ele querer comer o bolinho que caiu no chão e a mãe aceitar. Hoje em dia, cena inaceitável e chegou a ser alterada quando foi republicada na Panini. A violência da menina dando soco na cabeça no Renato também não é aceita mais nas revistas atuais.

O Renato só apareceu nessa história, como de costume personagens secundários assim, mas na época eu até pensava que seria um personagem fixo, visto que tratava como um novo vizinho que tinha se mudado para o bairro do Limoeiro. Podiam ter continuado com a personagem, mesmo com ele curado da sua mania de limpeza, mas podiam ter histórias com ele querendo dar banho no Cascão para se vingar desse final ou ajudando nos planos infalíveis do Cebolinha contra o Cascão ou até mesmo ser secundário nas histórias de futebol e brincadeiras, pois vimos que ele jogava bem, mesmo que nunca havia jogado futebol na vida antes.

Foi legal ver narrador-observador contando partes da história e o suspense dele para ver se Cascão tomou banho ou não, sempre eram divertidos quando tinham narrador nas histórias. Curioso o carro de mudança se chamar "Zás-Trás", uma espécie de homenagem á revista "Zaz Traz" da Editora Continental  onde Mauricio de Sousa publicava primeiras histórias do Bidu em 1959 e 1960. Nas propagandas inseridas nas histórias, dessa vez nas laterais com o Grupo "Ama", escola de música, bem frequente nas revistas de 1991.

Os traços muito bons, com direito a só curva nos olhos quando estavam bem brabos, embora teve erro de colorização em alguns momentos pintando de branco os olhos do Cascão, normalmente não pintavam quando eles tinham essa expressão, mesmo assim ficaram bons da mesma forma. No expediente final da revista informa que foi uma edição de março de 1991 erradamente, pois foi de abril, inclusive foram 3 revistas do Cascão no mesmo mês de abril por conta de calendário, no caso, as edições Nº 110, 111 e 112. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2021/04/cascao-hq-influencias-opostas.html

Nenhum comentário: