Capa de 'Cebolinha Nº 127' (Ed. Abril, 1983) |
Em julho de 1983, há exatos 40 anos, era publicada a história "Alguém sabe do plano" em que bandidos tentam assaltam um banco, mas alguém ouve o plano deles e vão atrás de quem ouviu. Foi história de encerramento de 'Cebolinha Nº 127' (Ed. Abril, 1983).
Vão conferir, a porta estava aberta, mas que tinham fechado antes, e uma ripa quebrada. Deduzem que alguém esteve lá e sabe dos planos deles. O chefe diz que ou procuram quem esteve lá ou terão que cancelar o plano. Nem pensam em cancelar porque ficaram 3 meses bolando plano e, então, vão procurar a pessoa, veem pegadas e acham que é de uma criança ou um anão.
As pegadas vão em direção ao Cebolinha e ao Cascão, que estavam jogando futebol, os bandidos acham que foi um deles e vão perguntar para eles quem foi. Cebolinha e Cascão pensam que eles eram olheiros que descobriram o futebol deles para jogarem profissionalmente e o Chefe pergunta se eles entraram no velho casarão. Cascão fala que não, ficaram o tempo todo jogando bola.
Um bandido comemora, falando alto do plano que tinham de alugarem uma casinha e cavar um túnel até o cofre do banco. O Chefe o chama de imbecil, que contou o plano e agora eles sabem. Cebolinha e Cascão tentam fugir, mas como eles sabiam demais, os bandidos os jogam dentro do saco e prometem soltá-los depois do assalto.
Em seguida, voltam a procurar quem esteve no esconderijo através das pegadas e encontram a Magali sentada comendo melancia. Os bandidos falam que sabem que foi ela quem entrou no casarão abandonado, Magali diz que estava ali comendo melancia o tempo todo. Cebolinha e Cascão no saco ouvem a voz dela e a mandam fugir porque eles são bandidos. Com isso, colocam também a Magali dentro do saco. Lá, Cascão grita que alguém o mordeu e Magali diz que pensou que fosse melancia.
Depois, os bandidos veem que as pegadas vão até ao Humberto, que estava tentando contar o plano deles a um policial só que por ser mudo, não entendia o que o Humberto tentava dizer. Os bandidos pedem licença ao policial e colocam o Humberto dentro do saco e os meninos descobrem que foi ele quem ouviu o plano quando foi buscar a bola.
Os bandidos tentam disfarçar, mas o policial desconfiou e corre atrás deles. Resolvem ensacar o policial também, mas chegam outros policiais no carro e consegue prender os bandidos e Cebolinha comemora que graças ao Humberto que ouviu o plano deles. No final, os bandidos, na prisão, contam o plano para fugirem de lá ainda naquela noite, um deles vai fingir que estão muito doentes, vão gritar, gemer e quando os guardas aparecerem para ver o que está acontecendo, os agarram. Nesse momento, ouvem um barulho e veem que era o Humberto pegando a bola e de novo ouviu tudo.
História legal em que bandidos percebem que alguém ouviu o plano secreto deles de assaltar um banco e vão procurar quem foi. Resolvem sequestrar todos que encontravam e que descobriram o plano, colocando dentro do saco, para não deixar vestígios, Acabaram descobrindo que foi o Humberto que ouviu e que estava tentando contar para um policial. No final, os bandidos são presos e acaba o Humberto ouvindo de novo o plano deles para tentar fugir da prisão.
Nessa trama policial, foi abordado o mistério de quem esteve lá no esconderijo dos bandidos. Se o atrapalhado não tivesse contado o plano na frente dos meninos, precisariam ensacar ninguém. Aliás, nem precisavam ir atrás, Humberto não ia conseguir transmitir mensagem do plano deles por ser mudo, se soubessem disso, conseguiriam assaltar o banco numa boa. Confirmamos que o Humberto não fala, mas ouve muito bem. Dessa vez a Mônica não apareceu porque queriam dar o foco no Humberto já que na prática, a Mônica daria surra nos bandidos ao ser abordada e não descobririam quem foi que ouviu o plano deles. Cebolinha nem teve destaque principal, protagonistas mesmo foram os bandidos e o Humberto.
Foi engraçado eles tentarem enrolar o policial, disfarçando para ensacar o Humberto e Magali morder Cascão dentro do saco pensando que era melancia, até presa só pensava em comida. Magali, sem dúvida, foi a que foi mais sequestrada em toda a trajetória dos gibis, seja por bandidos ou vilões, sempre estava envolvida nisso. Imagino o calor e o mal cheiro que eles sentiram com Cascão dentro do saco. Teve absurdos de que força os bandidos tinham para carregar tanta gente dentro do saco e que saco resistente caber tanta gente sem arrebentar, semelhante a ideia de Papai Noel ou o "Homem do Saco" que carregava crianças mal-educadas. O final ficou aberto para imaginar a sequência se o Humberto conseguiu contar para os policiais, eram comuns finais assim abertos para leitores imaginarem.
Impublicável atualmente por ter bandidos com intenção de assaltar banco, sequestros, deixarem as crianças dentro do saco, policiais com armas, bandido chamar outro de imbecil, palavrão, trolar o Humberto por ser mudo e ele se dar mal durantea história. Definitivamente sem chance hoje em dia. Os traços muito bons da fase de transição para a fase consagrada a partir de meados de 1984, nesta ainda estavam personagens levemente com bochechas diferentes, formando apenas uma curva começada pelo início da cabeça.
Curiosamente, esse gibi teve várias histórias com bandidos. Além dessa de encerramento, a de abertura "Um amigo perdido" foi com esse tema com Cebolinha sendo amigo de um bandido, tiveram também Zum e Bum, os bandidos pré-históricos, e uma de miolo com participação rápida de bandidos. Sem contar que a história de abertura de 'Cebolinha Nº 126' também foi com ladrão na casa do Cebolinha. Estava em alta histórias com bandidos na época, quase todos os gibis tinham uma ou mais histórias assim em um mesmo gibi. Desenhos animados na televisão e histórias com irmãos Metralha da Disney podem ter influenciado nisso. Ninguém reclamava, gostavam de ação e só queriam saber da diversão das tramas policiais.
A história ocupou 10 páginas do gibi, mas com as propagandas inseridas ocupando um quadrinho de rodapé, teria 9 páginas se não tivesse. Era muito comum fazerem isso na época por terem muitos anunciantes. As propagandas inseridas nesta história foi uma do "Instituto Universal Brasileiro" e três com variadas canetas "Bic". Outra curiosidade que na época não tinha tirinha na página final e colocavam no lugar o que ia acontecer na história de abertura da próxima edição. Com isso, no final da edição de 'Cebolinha Nº 126', colocaram essa história de destaque em vez da de abertura. Então, provavelmente, a ideia inicial era essa história ter sido de abertura e de última hora deixaram como encerramento, inverteram com a de abertura.
Nunca foi republicada até hoje, dava para ser em almanaques a partir de 1991 e acabou não sendo. Capaz de terem esquecido dessa já que naquela fase da Editora Globo não ligavam para politicamente correto e tiveram muitas outras histórias com bandidos mais pesadas que essa que republicaram como a própria história de abertura dessa edição e tantas outras. Então, só quem o gibi original de 1983 que a conhece. A capa do gibi sem alusão a história de abertura, coisa rara nos gibis do Cebolinha da Editora Abril, devem não ter conseguido uma ilustração de acordo com a história de abertura ou com a reorganização das trocas das disposições das histórias não deu tempo de criar uma capa com alusão à história de abertura e preferiram a piadinha. Muito bom relembrar essa história há exatos 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário