Capa de 'Cascão Nº 170' (Ed. Globo, 1993) |
Cascão fala que então vai tomar um refrigerante, o estômago não aceita. Cascão sugere leite, suco ou groselha e o estômago quer água, o que de fato mata a sede. Cascão diz que nunca toma água pura, é perigoso porque pode se molhar. O estômago diz que a água pura é mais saudável e corpo dele precisa disso, a maior parte do corpo humano é feita de água. Cascão se recusa a creditar e o estômago diz que ele está lá dentro e sabe mais que ele e Cascão toma um suco de uva, afinal, ele faz o que quer.
Depois de tomar, Cascão espera que o estômago tenha sossegado, quando ouve outra voz, dessa vez era o pé, diz que não morde, no máximo chuta, e que assim não dá pé, não aguenta mais ser um pé sujo, Cascão anda com ele na rua, na lama, no lixão, vive com chulé e quer que Cascão o lave. Ele diz que nunca tomou banho e nunca vai tomar. O pé fala que não é banho, é só uma lavadinha. Cascão se recusa e manda ficar quieto senão põe uma meia e fica batendo com o pé. O povo da rua olha a cena espantados, fazendo Cascão passar vexame.
Em seguida, a orelha do Cascão fala que o pé tem razão, que vive suja com cera no ouvido e daqui a pouco não vai mais ouvir e precisa lavá-la e a outra orelha apoia também. Cascão dá tapa nas orelhas achando que está maluco e resolve dar uma voltinha, vai ver que não acordou direito. Aí, os olhos passam a falar, dizendo que Cascão está bem acordado e se lavasse o rosto, acordaria melhor. As mãos também querem ser lavadas porque não é saudável comer com as mãos sujas. Umbigos, cabelos, pescoço, nariz, barriga e bumbum também exigem limpeza e a solução seria um banho.
Cascão diz que eles querem banho, mas ele não e é ele quem manda. As partes do corpo falam que eles são a maioria, Cascão é só um cérebro e uma boca contra todos eles, tem um laguinho em frente, é só dar um mergulho. Cascão fala que não vai, é ele quem manda e eles podem fazer nada. As partes do corpo dizem que eles podem reclamar sem parar até concordar, não vai conseguir dormir, pensar de tanto que vão repetir banho. Eles ficam falando, cascão não aguenta e resolve tomar banho no lago.
As partes do corpo comemoram que finalmente vão ficar limpinhos e cheirosos, Cascão pergunta se depois vão ficar quietos, eles falam que para sempre e é só pular. Cascão resiste, não pode pular, eles falam que é pra começar aos poucos, começar com os pés. Cascão quase consegue, quando ouve um "Colagem!" e Cascão pergunta quem falou. Falam que vai ver que foi a língua, é sempre enrolada, e o mandam pular. Cascão diz que só conhece uma pessoa com língua enrolada, Vê um sapato em uma árvore e descobre que era o Cebolinha com um livro de ventriloquismo na mão, que o que dava impressão que as vozes saíam no corpo.
Cascão também descobre Magali e Mônica envolvidas no plano infalível do Cebolinha de dar banho no Cascão. Mônica reclama que daria certo se Cebolinha prestasse atenção e não falasse palavras com "R". Cascão queria ser a Mônica para dar cascudos neles, mas como não pode, dá o seu desprezo a eles. Depois, Cascão comenta que foi burro em acreditar nisso, não gosta de tomar banho, gosta de ser sujinho, e se o corpo dele falasse, iam concordar com ele e no final todas as partes do corpo acham que é o que ele pensa.
História legal em que o Cascão lida com as partes do seu corpo que queriam que ele os lavassem porque não aguentavam mais ficarem sujos. Primeiro um a um falava, depois foi o corpo todo de uma vez e que prometiam não deixar Cascão em paz se não tomasse banho. No final, descobre que era um plano infalível do Cebolinha, que faziam o corpo falar através de ventriloquismo e os leitores descobrem que se o corpo dele pudesse falar, faziam a mesma coisa, de fato, eles não gostavam de permanecerem sujos.
Fica a ideia da imaginação do que faria se o corpo da gente falasse, as vantagens e desvantagens do que seria. Maior vantagem, sem dúvida, seria corpo avisar que estava sentindo dor. Cascão que gostou nada e estava certo que quem mandava seria ele porque é o cérebro da gente que comanda. Foi engraçado Cascão passar vergonha na rua, com os outros achando que estava louco de falar sozinho com o pé e todo o seu sufoco e discussão com o estômago, com o pé, com as orelhas e as outras partes.
Foi bem criativo o plano, Cascão quase caiu. Vimos que foi o Cebolinha quem estragou o próprio plano, como o alvo era o Cascão, teria que ter alguém para estragar. Eram boas as histórias de planos infalíveis do Cebolinha sem sem contra a Mônica, ele gostava também de fazer planos contra o Cascão para tomar banho e contra a Magali para comer menos como uma pessoa normal, sempre elaborados também, com a diferença que não apanhavam no final. Embora sempre tiveram planos infalíveis assim sem ser contra a Mônica, mas nos anos 1990 isso ficou mais frequente.
Eram legais também histórias com os personagens envolvidos com ventrículos, eram bem elaboradas. Ficou a curiosidade de que Cascão não bebe água, mas bebe refrigerantes, sucos, etc. Para ele, se caso molhasse com bebidas não teria problema já que ia se sujar, o problema seria água pura cair nele enquanto beber, no máximo, bebia água com canudo bem longo.
Os traços muito bons com direito ao Cascão com dentes expostos com mais frequência quando estava assustado, característica bem presente em histórias da Rosana. Não considero o tema tão incorreta hoje em dia, apesar de ser absurdo que eles evitam atualmente, mas tem elementos que implicariam como o pé dizer que Cascão fica na lama e no lixo, Cebolinha cair da árvore e aparecer machucado, palavra "gozado" que é proibida para não ter duplo sentido. A palavra "maluco" pode ser falada nos gibis, o que não é podem falar é que é "louco" provavelmente pra não confundir com personagem Louco. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.
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