terça-feira, 3 de setembro de 2024

Arquivos Turma da Mônica N°1.292 - Cascão e Mingau: HQ "Um gato que cai"

Capa de 'Cascão Nº 199' (Ed. Globo, 1994)

Em agosto de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "Um gato que cai" em que o Cascão pega o Mingau para pular de uma plataforma alta para ganhar dinheiro a custa dele. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 199' (Ed. Globo, 1994). 

Mingau caminha pelo telhado, encontra um gato deitado lá e eles brigam por um não ir com a cara do outro. Cascão aparece durante a briga, vê os gatos caindo do telhado e acha que aconteceu uma tragédia do Mingau ter morrido ao cair naquela altura e que a Magali vai ficar tão triste. Só que Cascão logo vê o Mingau vivo e andando normalmente e pergunta como sobreviveu caindo naquela altura, acha que é um gato mágico, tem uma ideia e vai chamar a Magali. 

Quem atende é o pai dela, avisando que saiu com a mãe. Cascão disse que ia pedir o Mingau emprestado, Seu Carlito se interessa e diz que pode levar, tem certeza que a filha vai aceitar e pode ficar com ele o tempo que quiser e depois que o Cascão vai embora, quem sabe assim se livra aquele gato cheio de pelos. Cascão pega o Mingau, mesmo contra a vontade dele e diz que eles vão ficar ricos.

Depois, Cebolinha vê Cascão construindo a plataforma de onde Mingau vai pular, Cascão explica que viu Mingau caindo de telhado altíssimo e saiu andando numa boa e agora vai cobrar ingressos para pessoal vê-lo pulando. Cebolinha pergunta se a Magali vai autorizar isso, Cascão fala que tem autorização do pai dela, só falta convencer o Mingau, dentro da jaula, que estava meio invocado.

Cebolinha fala que é uma loucura, mas quando Cascão diz que vai cobrar dez centavos de Real por ingresso, Cebolinha se anima achando que é uma loucura saudável e se torna sócio do negócio. Cascão manda pintar uma faixa escrito "Mingau, o incrível gato acrobata" enquanto ele vai vender os ingressos. Depois, Cascão volta com dinheiro de todos os ingressos vendidos e Cebolinha pintou a faixa, só que do jeito como ele fala, trocando "R" pelo "L".

Chega o público para ver o pulo do Mingau, a menina pergunta se era ali que vão obrigar um gatinho  a pular arriscando a própria vida. Cascão confirma, ela acha que um perigo, um absurdo, um pobre gatinho, mas logo para o drama e quer saber onde ela senta. Em seguida, chega o Tonhão e os Brutamontes da Rua De Cima, depois Titi e Aninha, que pergunta para o namorado que foi este programa do Mingau acobrata que ele a convidou e Titi responde que não tinha grana para o cinema.

Chega mais gente e depois Seu Carlito, bem animado, com pipoca e bandeirinhas de "Pula! Pula!", perguntando se já começou. Cascão diz que ainda não e Seu Carlito acha ótimo, não quer perder nem um pedacinho e parabeniza Cascão pela ideia genial que teve.

Depois de todo mundo ter chegado, Cascão começa o espetáculo, anuncia que o herói saltará daquela altura enorme sem rede de proteção e apresenta o Mingau, que, furioso, quer arranhar o Cascão quando o tiram da jaula. Cascão o segura, avisa que ele está nervoso e o leva até ao alto da plataforma. Cebolinha rufa os tambores e Seu Carlito comemora mandando pular logo. 

Cascão manda Mingau pular, ele fica com medo e avança em cima do Cascão. Seu Carlito reclama se o gato vai pular ou não e vai gritando "Pula! Pula!". Magali se aproxima vindo da rua com a Dona Lili e se espantam com o que veem. Cascão joga o Mingau, Magali corre, afastando todo mundo da plateia pela frente e consegue se abaixar na direção que o Mingau pulou e cai em cima dela. Magali fica feliz que o seu gatinho está bem e Mingau diz que graças a ela, economizou uma das vidas dele.

Seu Carlito e toda a plateia vaiam e reclamam que foi marmelada. Magali pergunta ao pai se ele não tem vergonha de concordar com uma coisa dessas e Seu Carlito conta que foi pelo bem da arte, soube que o Mingau tem talento. Cascão diz que ele caiu do telhado e não morreu e Magali fala que todo gato faz isso, caem de pé, só não é bom arriscar. 

O gato que caiu com o Mingau também está vivinho da silva e Tonhão quer saber se vai devolver a grana deles por bem ou prefere apanhar. Cascão devolve e lamenta porque foi uma ideia boa. Cebolinha diz que Cascão é burro, se não sabia que todo gato cai em pé e Cascão pergunta se, por acaso, ele também sabia. 

Mônica aparece, fala que não gostou o que o cebolinha fez com o gatinho da Magali. Cebolinha quer saber quem falou que a ideia foi dele e Mônica diz que nem precisa vendo aquela faixa e bate nele. No final, Cascão tem ideia de anunciarem o espetáculo "Cebolinha, o incrível menino que apanha, apanha e continua em pé", colocariam a Mônica para batê-lo em público e cobrariam ingresso.

História legal em que o Cascão vê o Mingau cair do telhado e não morrer e achar que era um gato mágico e querer ganhar dinheiro com apresentações do gato acrobata. Tem permissão do Seu Carlito, monta a plataforma, junta a plateia e bem na hora do Mingau ser jogado, Magali aparece e consegue fazer com que o gato caia em cima dela. Cascão precisa devolver o dinheiro da plateia, mas não apanha da Mônica, que pensa que foi ideia do Cebolinha e bate só nele e Cascão tem ideia de fazer espetáculo com o Cebolinha que apanha e continua de pé.

Cascão não sabia que todo gato cai de pé, mas pelo visto nem Cebolinha e nem a plateia que estava lá também, senão não pagavam ingressos para ver o Mingau pular. Todos que estavam lá foram canalhas de querer assistir o gato pular, sem ter pena dele, mas o pior de todos foi Seu Carlito de autorizar o Cascão levar o Mingau sem consentimento da Magali e ainda ser o mais animado, fazer festa para ele pular para se livrar do Mingau, parecia até a Dona Morte disfarçada. Era normal o pai da Magali ser perverso com o Mingau por causa de sua alergia a pelos, tiveram outras histórias boas dos anos 1990 com ele fazendo de tudo para se livrar do gato da filha.

Cascão, quem armou tudo, ainda se deu bem que não apanhou da Mônica nem do Tonhão e os brutamontes, deixou a culpa só para o Cebolinha, só perdeu o dinheiro, mereceria ter apanhado também até da Magali. Se Cebolinha tivesse escrito certo a faixa, não apanharia da Mônica ou pelo menos o Cascão apanhava junto. Normalmente o Cebolinha fala trocando o "R" pelo "L", mas escreve certo, mas dessa vez foi preciso para ter a piada final. Seu Carlito também não teve uma punição, pelo menos pública, mas que nada impede de em casa levar bronca da filha e da esposa e não falarem com ele por um tempo e elas não podem mais deixar Seu Carlito sozinho com Mingau em casa.

Resta saber se o Cebolinha ia topar o espetáculo com ele visto que também tinha ganância com grana, mas pela cara dele parece que não topou. Foi engraçado ver Mingau dizer para o Cascão "Sai pra lá, fedor!" e "Nem morto!" antes do Cascão pegá-lo, Cebolinha escrever faixa como ele fala, a menina com drama de "Pobre gatinho! Onde eu sento?", Titi levar Aninha pra ver gato pular porque não tinha dinheiro para cinema, a festa do Seu Carlito, como único adulto no meio das crianças e desejando que o Mingau pule logo e Mônica bater no Cebolinha só porque viu a faixa sem deixá-lo explicar. 

Foi legal também uma história do Mingau sem ser em uma revista da Magali, além de Seu Carlito e presença da Aninha também, gostava quando personagens assim que não se cruzavam muito aparecendo nas revistas do Cascão para diferenciar já que saiu da mesmice do Mingau sempre contracenar só com a Magali. O preço do ingresso foi aparentemente barato, nos primórdios do Real no Brasil, foi primeira história com referência a moeda recém-lançada. Colocaram cédulas na história porque provavelmente corrigiram o valor de última hora a ponto do gibi chegar nas bancas já que dez centavos era moeda. 

Além de se divertir, ainda aprendemos que todo gato cai em pé, mas também tem um limite de altura, se cair de um prédio alto, aí não tem jeito, vai morrer ou se machucar feio. Impublicável hoje em dia por ter maltrato a animais, Cascão querer jogar Mingau do alto, crianças quererem tirar a prova, Seu Carlito desejando morte do Mingau, Cebolinha apanhar e aparecer surrado do jeito que ficou, é proibida a palavra "louco" e também não pode expressões populares como "nem morto", "acabei de acabar", "está vivinho da silva", etc,  o que é uma pena que deixavam diálogos muito mais divertidos do que a norma culta e mostravam nosso cotidiano.

Os traços ficaram excelentes do estilo consagrado dos personagens, o Mingau ficava muito fofo desenhado assim. Pena as cores estarem em tons bem escuros nesse segundo semestre de 1994. Nunca foi republicada, se tornando rara, porque histórias do Cascão de 1994 já pegou a Editora Panini a partir de 2008 e já consideravam muito errada para os padrões do politicamente correto, inclusive muitas histórias das revistas quinzenais a partir daí nunca republicaram até hoje por isso. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos. 

Créditos - Marcos Alves: 
https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2024/08/cascao-e-mingau-hq-um-gato-que-cai.html

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