Mostro ma história em que um curandeiro golpista usou Horácio como plano para vender seus xampus milagrosos para o povo continuar peludo. Com 9 páginas foi publicada em 'Mônica Nº 88' (Ed. Abril, 1977).
Escrita por Mauricio de Sousa, dois seres misteriosos sequestram o Horácio enquanto estava dormindo e carregam para bem longe até à taba do Pajezão da Tribo dos Peludos. Quando é entregue, Pajezão avisa aos capangas que não é para dar em nenhuma palavra sobre a captura do Horácio. Pajezão comenta que o "asqueroso, repelente, verdadeiro pelado" é o que precisa para a sua grande cerimônia e deixa o Horácio preso até a hora que precisar.
Amanhece, o povo peludinho acorda e estão ocupados com os preparativos da grande cerimônia. Um pergunta se não vai ajudar a levantar o altar da cerimônia e o outro fala que não acredita nessa história do Pajezão, deixando o Peludinho com raiva cobrando como ousa duvidar das palavras do maior curandeiro que já existiu. Afirma que vai ser mostrado um asqueroso repelente pelado, apesar de acreditarem que só existam peludos no mundo e pelados são uma pavorosa lenda.
Na taba, Pajezão se arruma para a cerimônia e Horácio pergunta por que ele está preso lá. Pajezão fala que precisa dele para o seu show, que o povo não acredita que existem pelados no mundo e quando virem o Horácio vão acreditar e comprar o xampu milagroso dele. Pretende colocar o xampu no Horácio, ele sai para descansar um pouco e volta peludo, só que no dia seguinte, Horácio vai aparecer pelado de novo e ele dirá que só tem efeito 24 horas e precisará comprar mais para continuar peludo. Horácio acha tudo isso desonesto e Pajezão afirma que ninguém precisa saber e vai encher o bolso e Horácio vai ajudar, queira ou não.
Chega a hora da cerimônia e Pajezão executa o seu plano falando para os peludinhos que há uma ameaça para a raça deles, um estranho vírus atingiu um peludo nas montanhas e acabou sendo pior que a morte, ficando todo pelado e mostra o Horácio pelado. O povo se impressiona, mas um não acredita e pergunta por que ele está amarrado e o Paezão responde que ele se torna uma criatura perigosa estando pelado.
Perguntam se isso não pega. Pajezão fala que sim por ser um vírus contagioso e estariam ameaçados se não fosse pelo seu superxampu. Ele passa o xampu no Horácio, inventa que passou demais e tem que tirar o excesso lá dentro como desculpa para colocar o casaco de pele para dizer que o Horácio ficou peludo por causa do xampu. Todos ficam surpresos e acabam comprando o xampu do Pajezão.
Depois de um tempo, Pajezão está feliz, cheio da grana e comenta que foi Horácio que ajudou a ganhar e ele complementa que foi à força. Pajezão tenta tirar o casaco de pele para o povo pensar que o Horácio ficou pelado de novo e teriam que continuar usando o xampu para evitar a recaída. . Só que o casaco grudou nele por causa do xampu e Pajezão resolve tirar mergulhando Horácio no rio. Ele vai falando sobre o plano para tapear o povo enquanto mergulha o Horácio, mas acaba o povo peludinho ouvindo tudo e descobrindo a farsa.
Pajezão é preso e um peludinho pede desculpas ao Horácio de mandá-lo embora porque não estão acostumados á visão de um pelado. Horácio não se esquenta e vai embora e no caminho falando que qualquer dia vai pensar em experimentar uma peruca, terminando assim.
Essa história é legal, bem criativa com o Pajezão usando o Horácio para dar golpe no povo para usarem o seu xampu milagroso ao inventar que um vírus desconhecido muito contagioso podia deixá-los todos sem pelos. Ele se aproveitou da falta de conhecimento e ponto fraco do povo para se dar bem , já que eles pensavam que só existiam peludos no mundo e do pavor deles de ficarem pelados.
Mauricio quis fazer crítica a golpistas da vida real que querem se dar bem á custa da fraqueza dos outros e fazer reflexão em relação a pessoas que tem fobia do diferente. O povo peludo era preconceituoso e ver um ser sem pelos era uma aberração, algo apavorante, comparado a um racismo, por exemplo. Assim, é uma história impublicável hoje em dia por conta do sequestro do Horácio, envolver golpe e a fobia do povo peludo, ainda mais que eles não se redimiram com o Horácio no final, continuaram achando uma aberração. O lance de xampu para calvície foi bem inovador até então, já que na época não tinha remédio e tônico capiar para tratar calvície e hoje em dia loções pra tratar já são realidade.
Pode notar também uma linguagem bem formal, colocações corretas de próclises como "tornou-se", palavras difíceis como "azáfama" , balões com mais texto, demorando mais a leitura, tudo bem característico nos gibis dos anos 1970, sobretudo nas histórias de aventura escritas pelo Mauricio.
Nos anos 1970 as histórias do Horácio eram longas, até por Mauricio ter mais tempo de fazer. Já nos anos 1980 e 1990, as histórias do Horácio tiveram foco em republicações de tabloides de jornais que não haviam saído em gibis, ficando assim até não ter mais tabloides e, depois disso raramente tem histórias novas do Horácio nos gibis e quando tem não são mais feitas pelo Mauricio.
Os traços ficaram bons,até que o Horácio não mudou muito seus desenhos desde os anos 1970, diferente dos personagens da Turma da Mônica que tiveram várias mudanças até chegar ao estilo consagrado dos anos 1980. Mais ma vez história do Horácio sem título como era de costume. Sejam longas ou curtas colocavam título só "Horácio", com raríssimas exceções.
Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2020/06/uma-historia-do-horacio-na-terra-dos-peludos.html
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